segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Grupo de trabalho lança Coletânea de Cante "Vozes da Nossa Terra" a 29 de Novembro

O concelho de Castro Verde desde há muito que é uma terra de cante a vozes.
Nos campos desta imensa planície, homens e mulheres cantavam as modas como forma de aligeirar esse tempo que era de trabalho pesado. Horas e mais horas desde o nascer ao sol-posto derramando o seu suor, ganhando o pão às migalhas, porque a vida era dura no campo.
E desse cante espontâneo que acontecia na seara pelas vozes da gente na ceifa, ou na apanha da azeitona, nos diferentes trabalhos sazonais, nas datas festivas e pelos homens nas tabernas, surgiram nos anos 70 e em meados dos anos 80 alguns dos corais alentejanos de cariz etnográfico que ainda hoje existem em Castro Verde, “Os Ganhões” (1972) e “As Camponesas” (1984).
Mas neste percurso da criação formal de corais trajados a rigor, em representação de memórias, de funções laborais, de vivências que se foram apagando pelas circunstâncias de um mundo em constante modernização e globalização, outros grupos se constituíram e que aqui se apresentam nesta coletânea: “Os Carapinhas”, “As Vozes de Casével”, “Os Cardadores”, “As Papoilas”, “As Atabuas” e “As Ceifeiras”. “Planície a Cantar” é o nome do encontro de Cante que marca a Feira de Castro. E a partir desta data é também o nome desta coletânea que se faz da recolha de temas dos discos dos corais do concelho, que ainda existem e que no momento presente têm gravações editadas. Vozes que se agarram ao cante como se fossem azinheiras presas à terra. À sua terra. À sua música, ao seu cante. Mostrando a sua identidade. Com modas gravadas entre 1987 e 2015, nos diferentes registos dos grupos, é possível sentir o tempo passado, mas também o presente e porventura o que poderá ser o
cante num tempo que há-de vir.
Esta edição é fruto de um trabalho coletivo e participado que tem sido posto em prática pelo Grupo de Trabalho do Cante do concelho de Castro Verde, onde estão representados todos estes grupos corais, e que tem procurado criar formas e estratégias de salvaguarda desta expressão musical, deste cante que é nosso, deste cante que importa preservar e potenciar e que é Património Cultural e Imaterial da Humanidade.